ansiedade

Imagine uma cena frequente há alguns milhares de anos atrás. Você andando no meio da floresta em busca de caça para alimentar-se a si mesmo e à sua prole. De repente uma onça pula na sua frente. Em uma pequena fração de segundo, seu cérebro, através do sistema límbico, dispara o que chamamos de reflexo de fuga-ou-luta. Antes de que você tome consciência do perigo, ocorre uma liberação rápida de adrenalina, que acelera seu coração, aumenta a pressão arterial, aumenta o fluxo de sangue para os músculos para que você tenha mais força, dá uma sensação de falta de ar para respirar mais e oxigenar os músculos, dilata as pupilas para enxergar melhor o ambiente e finalmente envia ao córtex cerebral, a parte consciente do nosso cérebro, uma sensação de medo e morte iminente. Além disso, ocorre descarga no sangue de cortisol, que reforça essa resposta. Tudo isso para que você, como o nome diz, possa lutar contra o oponente, ou fugir dele, o que, sem dúvida, representou para nós um ganho evolutivo tremendo.

Porém, o que já foi condição imprescindível para a sobrevivência de nossa espécie, acabou tornando-se ma desadaptação para nossa geração. Nossos perigos não são mais, na sua maioria, físicos, mas sim emocionais. Mas o reflexo de fuga-ou-luta não foi feito para ponderar isso, mas sim responder rapidamente aos estímulos de risco. Se pensarmos que somos uma geração de ansiosos e que a emoção principal relacionada a ansiedade é a de medo, ou seja, ansiedade nada mais é que a antecipação do sofrimento futuro (mais ou menos como pagar juros antecipados de um empréstimo que você não sabe ainda se vai fazer), acabamos por disparar nosso sistema de proteção da vida o tempo todo, de forma exagerada.

O funcionamento excessivo desse sistema vital leva a um bombardeio de nosso coração e sistema circulatório. O excesso de adrenalina e de cortisol aumentam a pressão arterial, levam a arritmias no coração e causam sensação de falta de ar (como se o ar não entrasse no peito). Mais que isso, no longo prazo, levam a obesidade e diabetes também.

E o que fazer diante disso? Como podemos lidar com a ansiedade que aflige nossa geração e que enche os consultórios médicos de pessoas com sintomas como palpitações, dor peito e falta de ar? Não há uma resposta única para essa pergunta, mas ficam algumas sugestões:

1- Faça exercícios físicos com regularidade. (clique aqui e aqui e confira dicas anteriores sobre esse assunto). A atividade física regular, mesmo que uma sessão de 30minutos de caminhada por exemplo, diminui o nível de estresse, melhora a pressão arterial e melhoram o humor e disposição física.

2- Cuidado com a alimentação. Alguns alimentos podem reduzir ansiedade e outros exacerbar (clique aqui e veja dicas sobre alimentos que têm esse benefício).

3- Pratique meditação. Muito se tem falado sobre meditação para viver mais e melhor. Existem diversas técnicas distintas de meditação. Recentemente a American Heart Association publicou um documento em que sugere a prática de Meditação Transcendental como estratégia de controle do estresse e pressão arterial (clique aqui e confira mais sobre esse assunto).

4- Tenha tempo de descanso e lazer. 

5- Moderação no consumo de álcool, ele pode até te trazer uma sensação de relaxamento, mas quando seu efeito passa, a ansiedade acaba por exacerbar-se, o que chamamos de efeito rebote. Portanto cuidado para não abusar no consumo alcoólico, o que é sedutor para quem está ansioso.

Além dessas dicas, muitas vezes o manejo da ansiedade passa pela ajuda profissional, seja de um psiquiatra ou de um psicólogo. Medicação e terapia são também aliados no combate a esse problema, desde que bem indicados e conduzidos. Mais que ter saúde, combater a ansiedade é fundamental para que possamos desfrutar a vida. Afinal, se na mente do ansioso o futuro ocupa lugar privilegiado, sabemos que a única possibilidade de felicidade está em viver o momento presente.