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Essa pergunta é antiga e está longe de uma resposta definitiva. Suplementos de cálcio, com ou sem vitamina D, são prescritos com frequência para prevenção e tratamento de osteoporose, principalmente em mulheres menopausadas. Mas há muito a cardiologia questiona se existem prejuízos para o coração dessa suplementação.

Pois bem, vou relatar para vocês mais 2 capítulos desse enredo de suspense. O primeiro vem da diretriz em conjunto da American Society of Preventive Cardiology e da National Osteoporosis Foundation. Tal diretriz, publicada em 24 de outubro, diz que o consumo dietético e a suplementação com cálcio são seguros para saúde cardiovascular, desde que consumidos dentro das quantidades recomendadas, que é de até 2000 a 2500mg ao dia, isoladamente ou em associação com Vitamina D.

Porém, outro estudo, ironicamente também publicado no mês de outubro, coloca em dúvida essa recomendação. Estudo de acompanhamento de 10 anos de indivíduos submetidos a Angiotomografia de Artérias Coronárias (Calcium Intake From Diet and Supplements and the Risk of Coronary Artery Calcification and its Progression Among Older Adults: 10‐Year Follow‐up of the Multi‐Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA)) avaliou neste intervalo de tempo, o impacto da quantidade de calcio ingerida na dieta, bem como da suplementação de Calcio, na saúde cardiovascular. De forma interessante, a quantidade de calcio na dieta esteve inversamente associada ao risco de progressão de aterosclerose nas artérias coronárias. Ou seja, quanto mais cálcio se ingeriu na dieta, menos doença cardíaca. Opa! Vamos sair por aí dizendo que alimentos com cálcio protegem o coração? Calma… A redução de risco pode estar simplesmente associada a uma dieta globalmente melhor e não ao cálcio propriamente dita.

Mas a controvérsia vem de um dado importante. A suplementação com cálcio esteve associada com um risco 22% maior de progressão da aterosclerose nas artérias coronárias em comparação às pessoas não expostas a ela. Este estudo tem vários pontos fortes. O número de pacientes, que foi de 5500. Também o tempo de acompanhamento, que foi de 10 anos. Fica aí então 2 recomendações distintas. Abraço a todos.