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Somos uma população em envelhecimento. Já é conhecimento comum que a expectativa de vida tem aumentado muito e hoje é bastante corriqueiro nos consultórios médicos pessoas com mais de 80 anos, algo que, quando comecei há 15 anos, não era tão frequente. Com o envelhecimento acontecem simultaneamente 2 fenômenos que merecem um pouco de atenção. De um lado, as doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, diabetes, insuficiência renal, que fazem parte de até 80% da população com mais de 70 anos. De outro, são igualmente frequentes as dores crônicas, advindas em sua maioria da osteoartrite (para mais informações sobre essa doença clique aqui), mas também de outras doenças, como gota, artrite reumatóide, dores de cabeça. Pare e pense se você não tem um familiar nesta faixa etária que sofre com dores crônicas nas articulações…

Dentro deste contexto, é muito comum o uso de anti-inflamatórios, seja com prescrição médica ou até mesmo sem que haja orientação do médico. Embora essa classe de medicação seja muito útil para alívio de dores crônicas e tenha seu lugar na medicina, seu uso indiscriminado pode ter consequências muito ruins. Passo aqui a contar um pouco para vocês sobre esses riscos:

1- Anti-inflamatórios podem causar desconforto gástrico e até mesmo úlceras, cuja principal complicação é o sangramento, que pode se tornar bastante sério, a ponto de levar a risco de morte.

2- Essa classe de medicações promove retenção de sódio (sal) e água nos rins, o que faz aumentar a Pressão Arterial e causa inchaço. Em pacientes hipertensos, que usam corriqueiramente anti-inflamatórios, o controle da pressão fica mais difícil, com necessidade de uso de mais remédios com esse fim.

3- Também estão associados a maior risco de Insuficiência Renal. À medida que envelhecemos, nosso rim perde naturalmente capacidade de funcionamento. Se o indivíduo for portador de doenças que agridem os rins, como diabetes e hipertensão, essa perda pode ser mais acentuada ainda. Como já disse antes, existe uma sobreposição de doenças crônicas nos idosos, que podem levar a uma série de complicações do abuso de anti-inflamatórios, como Insuficiência Renal.

4- Eles podem ainda precipitar um infarto ou acidente vascular encefálico em indivíduos com predisposição.

Para pacientes de alto risco ou que já experimentaram um problema cardíaco, como infarto, angina, angioplastia coronária ou cirurgia cardíaca, o anti-inflamatório, quando imprescindível,  sempre deve ser usado por curtos períodos, para alívio de sintomas de dor intensa. Claro que, para essa população, deve sempre haver supervisão do médico, profissional que pode pesar riscos versus benefícios deste tratamento. Outra opção neste cenário é usar o anti-inflamatório em associação com aspirina em baixa dose, o que, apesar de reduzir o risco cardiovascular dos anti-inflamatórios, pode  aumentar os efeitos adversos gástricos.

Pacientes portadores de doença crônica devem ser tratados no longo prazo, com medicações que aliviem as dores, mas além disso podem obter ajuda de fisioterapeuta e educador físico. Alongamento e fortalecimento muscular têm ótima resposta no longo prazo. Portanto, procure ajuda. Embora seja mais simples usar um anti-inflamatório, que leva a um alívio momentâneo da dor, seu uso prolongado ou repetitivo pode ser perigoso. Fica a dica. Se gostou compartilhe e ajude a divulgar essa informação.