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A American Heart Association, preocupada com a explosão de obesidade infantil e seu potencial impacto na idade adulta, lançou há pouco documento sobre o consumo de alimentos ricos em açucar em crianças (Vos MB, Kaar JL, Welsh JA, et al. Added sugars and cardiovascular disease risk in children: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation 2016. [Epub ahead of print]). Este documento chama atenção para a quantidade de açucar a que nossas crianças têm sido expostas, seja através de refrigerantes, açucar propriamente dito ou doces em geral e propõe quantidades razoáveis para seu consumo.

Crianças entre 2-18 anos têm ingerido 17%, em média, das calorias diárias na forma de açúcar, muito acima do recomendado, que é de 10%. Esse consumo excessivo de alimentos adocicados, além de estar relacionado a obesidade, também leva a alterações no perfil de colesterol, com redução do colesterol bom (HDL) e aumento dos triglicerídeos, bem como do metabolismo da glicose. A troca do padrão dietético baseado em gordura saturada (animal) por consumo de carboidratos refinados não trouxe ganhos metabólicos e talvez tenha aumentado o número de obesos no mundo. Porém estudos robustos dizem que substituir ambos por gorduras insaturadas (presentes no azeite de oliva, oleos vegetais, sementes, etc) e carboidrato integral está relacionado a redução de risco cardiovascular. Portanto, reduzir açúcar não significa que abuso de gordura saturada, presente nos alimentos de origem animal, seja benéfica.

E qual a quantidade de açúcar que pode fazer parte da dieta de crianças e adolescentes? Primeiro, chamaremos de açúcar aquele que se usa como ingrediente de alimentos preparados e o que se coloca na mesa para adoça-los. Não levaremos em consideração o açúcar naturalmente presente nos alimentos, como a frutose nas frutas ou a lactose no leite.  O documento da American Heart Association recomenda que crianças consumam não mais que 25 gramas (100 caloriais) ao dia de açucar, o que equivale a seis colheres de chá. Deve-se evitar seu uso em menores de 2 anos de idade.

Quais os maiores vilões da dieta de nossos filhos? 70% da fonte de açucar  dos pimpolhos vêm de refrigerantes, biscoitos, sorvete, chocolate e outras sobremesas adocicadas, que além de calóricos, não têm qualquer valor nutricional além da oferta de energia. Refrigerantes devem ter o consumo restrito a 250-300ml por semana. Doces devem ser consumidos também não mais que uma vez por semana. Suco de frutas sem adição de açúcar, embora nutricionalmente melhores, também devem ser consumidos com atenção. Recomenda-se no máximo um copo ao dia. Ao invés do suco, deve-se encorajar o consumo da fruta sólida, que, por possuir maior teor de fibras, tem menor índice glicêmico.

Devemos sempre encorajá-los a experimentar alimentos integrais, e gorduras do bem. Dieta é uma questão de hábito, ou seja, devemos acostumar o paladar com alimentos diversificados e menos adocicados. A mudança deve ser para a família toda, uma vez que tudo o que foi dito acima pode ser extendido para nós pais. Além disso, nossas crianças têm se tornado cada fez menos fisicamente ativas, por conta do estilo de vida contemporâneo. Devemos estimulá-las a maior atividade física, como brincadeiras recreativas e prática esportiva (sempre muito bem orientada e sem foco competitivo para crianças). A saúde das nossos jovens na idade adulta começa na infância. Que tal ajudarmos?